terça-feira, 21 de junho de 2011

Sérgio Vaz "No RAP cada um tem sua história"


Por Sérgio Vaz



Povo lindo, povo inteligente, quando puderem, ouçam “Cada um tem sua história”, uma das músicas mais bonitas que já ouvi nestes últimos dias. É bonita porque na minha opinião o grupo conseguiu juntar todos os ingredientes necessários para se criar um som que tenha a pegada firme, que só as ruas trazem, e a poesia justa que dignifica quem trabalha por amor ao que faz. Swing, poesia e atitude. É disso que estou falando.
A música é do grupo “Versão Popular”, que acabou de lançar seu 1° CD “Quem viu viu” recentemente, e que já há muito vem trabalhando na cena do Rap nacional.
Não sou crítico de música ou especialista na cena, sei só o que gosto, e não gosto. E gosto muito desta música.
Na moral, não gosto desta coisa de nova e velha geração. Uma geração tão brilhante do Hip Hop que junto com o rap incendiou e acordou toda uma nação periférica, não pode ser servida em fatias ou de bandeja a quem não contribuiu nada com isso.
Tem gente que chega, tem gente que vai, e tem gente que fica. Eles vão ficar. Assim como tantos outros que não param de chegar.
Como eu disse, é só minha humilde opinião, e opinião de poeta não vale muito. Poetas são feito de pouca razão e muita emoção. Quase nunca sabe o que dizem.
No meu rádio toca toda uma geração, no meu “dial” não está separado por nova ou velha geração. Separo por música boa e música ruim. Tem coisas que devem mudar, tem coisas que são intocáveis. É preciso ter raízes, mas é preciso voar. Cada qual terá que saber a sua hora. Ou seja, cada um sabe a hora do seu relógio.
Gosto do Racionais, como do QI Alforria. Do GOG e do Fino Du Rap. Escuto RZO como ouço NSN. Naldinho e Jairo Periafricania na mesma intensidade.
Sou fã do Criolo Doido e da pegada poética do Slim Rimografia. A batida forte do Realidade Cruel ou a responsa do grupo A Família. Não dá pra esquecer do Câmbio negro e Consciência Humana (o nome já diz tudo).
Záfrica Brasil é a minha família, B Valente, Kênia, Duguetto Shabazz, Inquérito e o extinto Sabedoria de Vida que vai ficar pra sempre na memória.
Ouvindo o cd novo do Detentos do Rap pirei em cada refrão, nos vocais. Assim como piro nas rimas do Emicida, Du Bronx, Kamal e do menino Rincón Sapiência. O Dexter voltando arregaçando, conseguindo recuperar o tempo perdido, Pentágono, Família RHK, A286, Pregador Luo e o Apocalipse 16.
DBS e a quadrilha num dos clipes mais loucos que já vi, Viela 17 (o nome mais lindo de grupo), TREF com sua pegada literária, função original, Negredo e RDG. Raphão, Hórus, Hood, Rashid e MV Bill, Ao Cubo sem esquecer do mestre Sabotage nem Facção central. E mais uma pá de grupo espalhados por aí que agora me fogem o nome, mas que são importantes também. Se esqueci de alguém, me desculpe a memória…
O Rap são todos eles, e mais os outros elementos que fortalecem a cena (Dj, B Boys, Mc, sites, Blogs, Fanzines, Jornais e revistas).
Como se separa toda uma geração?
Não entendo nada de Rap, só sei do que gosto e do que não gosto.
Assim como não gosto quando nos separam por Zonas. A Zona tal é melhor que a outra. É tudo uma zona só.
Se é pra identificar de onde vem, tudo bem, mas se é pra dizer que é melhor , estou fora.
Lembra da guerra dos Tutsis e dos Hutus em Ruanda? Pois é, começou assim, todo mundo igual achando que era diferente. Tem sempre alguém querendo nos separar. Divididos somos sempre mais fracos.
Torno a repetir, não é uma opinião de um especialista do movimento, é só uma opinião de quem gosta da música que representa a periferia, e que é muito grato por tudo que eles fizeram e vem fazendo pela quebrada. É gratidão mesmo, minha poesia não seria, e não é, nada sem eles.
E como diz a música do Versão: “Cada um tem sua história.”
Sou da geração da gratidão. Obrigado.

Um comentário:

  1. Pode crer, nego véio!!!

    Sérgio Vaz tem o dom da palavra, né não parceiro?? O que nos segrega nos separa, e consequentemente nos destrói.

    Paz à todos!!!

    Paulo Brazil.

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