quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

BRASIL, RÈVEILLON, TURISMO E VIDAS EMBAIXO D’ÁGUA

“Mais uma vez uma tragédia anunciada que os órgãos públicos ignoram. E, dessa vez, já temos 356 mortos!”

Por: Anna Carvalho

São Paulo e Rio de Janeiro estão, mais uma vez, debaixo d’água e as autoridades incompetentes, irresponsáveis e calhordas colocam a culpa na chuva, em São Pedro, em Oxum (que vai orientar o ano e, claro, que vai dizer que as águas são responsáveis por tal desmando do orixá que limpa por meio delas), as pessoas que ocupam áreas remotas, mas nunca o Estado indiferente, inoperante que se organiza prontamente para aumentar o salário da presidente e dos políticos antes da posse de Dilma.
Todo ano a mesma novela se repete, ainda que os jornalistas se atenham à outra mais tediosa da volta do sindrômico, Ronaldinho Gaúcho, todo o ano as prefeituras e os governos se preparam para comemorações imbecis como o Rèveillon, Carnaval, shows da Virada na Paulista, a contratação de artistas com cachês milionários, mas não se preparam para o enfrentamento das enchentes de verão.
Pão e circo funcionam mais no caso de eleger a patota política acéfala e que se preocupa pouco, dorme bem em suas casas secas enquanto a população, crianças de três anos e velhos que não conseguem se locomover, morre impunemente por conta de uma inoperância em três esferas: Federal, Estadual e Municipal. Todos têm culpa desde a presidente ao prefeito, mas no Brasil ninguém sabe onde se define a fronteira tênue do desmando até a incompetência muito limítrofes muito próximas.
Perguntas dignas de uma criança de três anos (*como a que morreu em São Paulo) tomam a minha consciência remota: cadê o “Minha casa, minha vida”? O Fundo para as enchentes que ex-ministro Geddel desviou para a Bahia e que penou no final do ano passado sob lama? Ainda ontem li o texto sobre Educação em que Elenilson perguntava: “Qual será o futuro de crianças que são mal educadas por uma estrutura sistêmica de educação pública falida?” Vão engrossar outro programa do governo populista, o TOPA, que continua vicinal em patrocinar outro tipo de analfabetismo ou continuar com ele: analfabetismo político, pessoas sendo semi letradas para assinarem seu nome e, no máximo, lerem o letreiro do ônibus lotado que alevará para a sua casa, talvez inundada na cheia.

O que move este país se não a força de gente que diz que não vai ser derrotado? Mas é derrotado pelo Estado que é tolerante em caso de assassinar pessoas em São Paulo, onde, até o momento, número passível a aumento. E, em Salvador, em pleno tablado do verão para que a “turistada” mal educada e intolerante (qualquer coisa é motivo de críticas) fossem assassinadas pelo Estado de ingerência e de incompetência de um governo despótico, onde a meningite já está se apresentando em Salvador (devo lembrar que a vacinação ocorreu depois que milhares de baianos terem morrido) porque as pessoas estão desamparadas, perdem tudo e são jogadas ao acaso.

O governo de São Paulo agi e acena com a possibilidade de doar R$ 1.000 reais para que as pessoas recomecem. E recomeçar com R$ 1.000 reais é um saldo que não fecha diante de vidas ceifadas, casas perdidas, parentes mortos e a vida neste país de arremedo e em eterna faxina para turista que vai receber a bendita e mentirosa Copa de 2014, em terra de índio, Copa que dará a sua contribuição histórica maravilhosa para o legado imaterial que será deixado para o Brasil, vide os aparelhos que o PAM deixou, um grande legado enquanto cidadãos morrem diariamente pelas mãos de um Estado indolente quando o caso seja administração pública e totalmente prestativa para mentiras eleitoreiras e que se assomou na gerência parca dos antigos glutões portugueses que “andavam” e que não tinham nenhum tipo de legado afetivo sobre o Brasil e por isso extorquiram, lesaram, não eram brasileiros, tinham esse álibi, ainda de hoje, brasileiros que desenvolvem também este tipo de parcimônia entusiasta e conveniente para estarem em seus cargos, lesarem e não serem responsabilizados por nada, sem nenhuma mácula.
Fazer este pequena retrospectiva do Brasil mesmo sem ser dezembro, pois estamos em janeiro e o país já deu a sua dose de realidade definitiva, escatológica e predatória. O país segue o seu rumo natural, determinista em não solucionar problemas, mas os engendra em mecanismos de alienação e de acontecimentos banalizados de violência, de insegurança, de falta de saúde pública, de trabalharmos um mês para pagarmos impostos (*vide o Impostômetro) que não pára e as coisas estão como devem ser.

E acompanhamos diante de uma TV, e a salvo momentaneamente, as tragédias de outros brasileiros num picadeiro muito bem orientado para que não mude, para que o povo não se desacostume de sofrer, não queira mudar, queira viver estes dramas para simplesmente agradecerem a Deus pelas suas pequeníssimas conquistas, até a próxima tragédia chegar... To be continued...

Fonte: Literatura Clandestina

Um comentário:

  1. Como diria Renato Russo em sua canção "Perfeição". "Vamos celebrar a estupidez humana". Diante de todo esse caos, vamos comemorando a contratação de Ronaldinho e sua festa de apresentação no Flamengo. Detesto essa sociedade pão e circo.

    Crônica de uma tragédia anunciada...

    ResponderExcluir